3.5.10

sem título - 093

uma vez mais
na mesa do mesmo resturante
com o mesmo cantor
cantando as mesmas canções

as mesmas vadiazinhas procurando sempre novos velhos

dinheiro

hoje o cantor está mais empolgado
a casa está cheia

cheia de gordas
cheia de velhos

e as vadiazinhas

com um careca estranho
que escreve enquanto observa

boa chuva cai

inunda
alaga
entope
transborda
nesta cidade imunda


e chuá
água para cima
lixo para cima
boiando


sobre as incoerências
sobre o arbítrio livre

sobre a morena que está na minha frente acompanhada
sobre estar acompanhado
sobre por que me olha se está acompanhada?

o que está por trás realmente de estar acompanhado

ter apenas uma
sem haver outra no futuro

higlander


e que seja assim para sempre

hora em que pensamentos
descem espinhosos
nó na garganta
que engasga
desce mas não digere

acreditar
em que mesmo?

em belas palavras
em emoções desesperadas?
sequiosas de emoções envelopadas
prontas em frases feitas
excalibur
tua língua em meu mamilo
água e sal

perfil esguio
doce voz dissonante
inebria com cada palavra

Um comentário:

Lílian Alcântara disse...

Gosto de poemas. Mas poucas vezes gosto dos poemas que leio, muitos são abstratos demais para prender minha atenção, outros são clichês suficientes para entalarem o radinho da empregada num solo de qualquer instrumento.
Agora este poema, este... me deu uma imagem tão sólida, um ar tão denso pra respirar. Nem sei do que estou falando, fiquei tonta...