Dentro da noite mais uma vez a insônia vem fazer companhia.
O jeito é levantar, e ir para a janela, que fica no final do corredor.
O silêncio da noite é sempre acolhedor, uma caneca de chá também. A cidade está silenciosa agora; apenas ao longe umas prostitutas fazem seu alarde na esquina. Um motoqueiro passa e buzina.
Para o Juca é estranho entender as ligações humanas. A própria humanidade é uma incógnita.
Auto consciência, seria esta a chave?
Mais uma vez Juca se vê com seus intermináveis questionamentos. Mais uma vez conversa com Deus, e pede que Ele exista, e que não queime no fogo do inferno por questionar estas coisas.
Por que sempre ensinaram isso?
Temer, por que devemos temer?
Auto consciência, Juca tem uma teoria, de que talvez nada exista, nem mesmo ele. Que a religiosidade foi inventada para apaziguar o cérebro. Estabilizar. Segundo seus intermináveis pensamentos, com a evolução humana, o homem atingiu um estágio onde descobriu que é apenas comida de verme e que não serve pra nada. Mas como o cérebro humano é muito "esperto", criou uma válvula de escape, criando uma segunda chance ilusória.
Juca mais uma vez reza para que isso não seja verdade.
As noites, muitas vezes, são longas para o Juca.