8.10.09

sem título - 083


quando livre da material realidade,
abre-se então asas para vôos
mais altos, estáveis
ou instáveis por opção

leves, os pés, que passam
sobre o mar que se estende na areia

saborosas as notas musicais
que invadem os sentidos

quando livre da realidade humana

livre de um mundo apegado
ao terreno mundinho da ganância
da impressão
e que em nada se impressionam,
diante da beleza de um sorriso do casal de velhos

mundo midiático que acorrenta tais asas
numa impotência de alcançar a realidade imposta

perde, este mundo, o prazer dos passos
sobre a areia molhada

a solidão de voar alto sozinho
sem poder estender a mão
e te puxar para o mesmo vôo planado,
acima deste mundinho infeliz
podendo ver de cima o sol que la no nosso horizonte,
ainda, não se pôs



3 comentários:

Katrina disse...

Porra, que poema!

Eu fico voando com essas asas de solidão, mas sempre me esburracho no chão

Crisneive Silveira disse...

O 083 é tão livre quanto "o prazer dos passos sobre a areia molhada"...

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

poesia delicada e necessaria