22.2.10

mais que palavras - 025

.

19.2.10

sem título - 090

São os bipes alternados das caixas registradoras
que levam a mente fluir
entre bipe e outro

Cada peça em seu lugar
a engrenagem azeitada

Monótono ofício de registrar números
abre a gaveta
confere dinheiro
confere troco
fecha gaveta

e mais
bipe aqui

bipe ali

bipe lá

bipe aqui

bipe lá

digite a senha por favor

obrigado

[volte sempre não se usa mais,
pois, obviamente, votaremos sempre]


então a mente desprende
percebe neste patético ofício

não é o desenho
não é o ganho
nem o gasto

tudo é pasto

é capim de papel
que alimenta

o ir
o vir

com sumir


mas o que alimenta o sonho
aquele de goiabada

é o saber que existe
no mundo
outro ser

que viva na mesma leveza
de notas e cifras
tão diferentes
tão bem desenhadas no ar

o ser
que plana, leve,
mesmo que em pensamento.

a leveza da liberdade
sustentada pelo pesado fardo
da solitude

o sonho [aquele de goiabada]
que dia a dia
se abra o peito
semeie
plante

povoe o pensamento
até tomá-lo,
este ser,
por completo

de ti,
que flutua em
seus pensamentos
dissonantes,
quero apenas
todo teu ser

apenas para todo
nosso sempre

para queimar em desejos
saciar nos passeios
embebedar nas divagações [sem fim]
comover em silêncios
explodir no riso

para desejar cada pedaço molhado,
do duro mamilo à boca sedenta,
do ponto ao laço,
toda esta mulher
por baixo da toalha
que vai cair

que castigue minha derme
com vermelhas unhas cravadas

que sacie meu ouvido
com gemidos
sussuros
teus gemidos
teus sussurros


aqueles que somente
se forem os teus
e de mais ninguém


bipe aqui

bipe lá

bipe aqui

bipe

bipe

bipe lá
bipe ali

pergunta aqui:
- mais alguma coisa senhor?

largo sorriso:
- não, moça, apenas isso.

[o pensamento]:
- não moça nada,
que você possa resolver... =]

12.2.10

mais que palavras - 024